Análise do capacete Shoei J-Cruise| Capacete aberto jet com certificação ECE 22.06
Data da revisão: Abril de 2025 | Testado por: Marcelo Ferreira www.amazon.com.br
Apesar das evidentes limitações em termos de segurança quando comparado a um capacete integral, sou um grande entusiasta da linha J-Cruise da Shoei. Já utilizei o modelo anterior, o J-Cruise II, e sempre valorizei o amplo campo de visão e a liberdade de movimento que ele proporciona, graças à ausência da queixeira.
Por isso, estava bastante curioso para testar a versão mais recente, agora com certificação ECE22.06: o Shoei J-Cruise.
Venho utilizando esse capacete há alguns meses, pilotando minha Honda CBR1000 em diferentes situações e condições climáticas, justamente para avaliar se o J-Cruise entrega mais do que apenas uma atualização estética e a nova certificação em comparação com seu antecessor.

Pontos Positivos
- Total compatibilidade das viseiras com o modelo anterior, o J-Cruise II.
- Sistema de ventilação significativamente aprimorado em comparação ao modelo anterior.
- Oferece um conforto surpreendente e praticamente não apresenta entrada de correntes de ar, o que é impressionante para um capacete aberto.
Pontos Negativos
- Assim como todo capacete aberto, oferece menor proteção em termos de segurança.
- A viseira pode embaçar em manhãs frias, embora isso seja facilmente solucionado com a instalação de um Pinlock.
Casco externo

O J-Cruise é oferecido em uma ampla gama de cores e acabamentos, pensados para combinar com diferentes estilos e tipos de motocicletas.
Para quem gosta de um visual mais discreto, há opções como preto brilhante, branco, preto fosco (modelo que utilizei no teste), azul metálico fosco (semelhante ao Neotec 3 que também testei) e cinza basalto. Todos esses modelos estão disponíveis com preço sugerido de R$ 4.140,40.
Se você busca algo com um visual mais chamativo, o J-Cruise oferece o grafismo ‘Whizzy’ em quatro variações diferentes, com um custo adicional. Isso eleva o valor do capacete para mais de R$ 4.000, o que pode ser mais do que muitos estariam dispostos a investir em um capacete aberto. No entanto, é ótimo ver que o J-Cruise também recebe esquemas gráficos incríveis, semelhantes aos encontrados em capacetes integrais como o Neotec 3.
Como já era de se esperar vindo da Shoei — e especialmente dentro dessa faixa de preço — o acabamento e os detalhes são simplesmente impecáveis. Embora o modelo preto fosco mostrado aqui não ofereça aquele brilho intenso que os acabamentos brilhantes costumam refletir, ele transmite uma sensação clara de qualidade premium. Detalhes como o acabamento fosco estendido até as entradas de ar e o logotipo branco na parte frontal, feito em vinil fosco, reforçam esse visual mais sóbrio e elegante, quase furtivo.
Vale um alerta para os mais criteriosos: o acabamento fosco tem uma grande tendência a exibir marcas de dedos e manchas de gordura, o que pode ser um incômodo para quem gosta de manter o capacete sempre impecável. Se isso te incomoda, talvez seja melhor considerar um modelo com acabamento brilhante.
Assim como no J-Cruise II, o novo J-Cruise 3 é fabricado em três tamanhos de casco diferentes (XS–M, L e XL–XXL). Isso garante um encaixe mais proporcional, evitando problemas como um casco exageradamente grande com excesso de acolchoamento ou, pior, um casco pequeno com acolchoamento insuficiente.
A estrutura do capacete é construída utilizando a tecnologia AIM (Advanced Integrated Matrix) da Shoei. Trata-se de uma combinação de plástico reforçado com fibra (FRP), laminado com fibras multidirecionais — tanto orgânicas quanto de fibra de vidro. Na prática, esse processo funciona de forma semelhante à trama da fibra de carbono ou às sobreposições cruzadas do compensado, proporcionando resistência em múltiplas direções. Isso torna a concha mais flexível, menos suscetível a quebras e, ao mesmo tempo, mantém o peso bem controlado.
Peso
A Shoei informa que o J-Cruise possui um peso de 1.400g — inclusive, meu capacete veio com um adesivo indicando exatamente esse valor. No entanto, ao pesar o modelo que utilizei para os testes (tamanho grande), o resultado foi de 1.465 g.
Isso representa apenas 15g a mais do que o J-Cruise II que testei anteriormente e, por outro lado, cerca de 400g mais pesado que um capacete aberto mais tradicional, como o Shoei JO, que pesa aproximadamente 1.000g.
Vale lembrar que essa comparação com outros capacetes abertos acaba sendo um pouco injusta, já que o J-Cruise tem um design no estilo “jet”, que oferece uma cobertura adicional nas regiões das bochechas e do maxilar.
Embora um capacete no estilo jet nunca vá oferecer o mesmo nível de proteção que um capacete integral, se você busca as vantagens e a praticidade de um modelo aberto, o J-Cruise 3 pode, sem dúvida, ser uma escolha acertada.
Mesmo que, tecnicamente, o J-Cruise 3 seja um pouco mais pesado do que seu antecessor (vamos ser sinceros… são só 15g!), isso só reforça que a Shoei trabalhou de maneira inteligente no desenvolvimento deste modelo.
Para atender aos critérios mais rígidos da nova certificação EC22.06, a marca aplicou materiais adicionais apenas nos pontos realmente necessários, evitando uma abordagem de reforço excessivo que resultaria em um capacete desconfortavelmente pesado.
Na prática, durante o uso, o peso do J-Cruise 3 é praticamente imperceptível quando comparado a outros capacetes que já utilizei. Seu design aerodinâmico faz um trabalho excelente em eliminar turbulências e rajadas de vento, o que impede aquela sensação incômoda de peso extra na cabeça — especialmente ao virar o rosto para fazer uma checagem de ponto cego ou olhar sobre os ombros.

Ventilação
O sistema de ventilação do J-Cruise é composto por três grandes entradas de ar independentes posicionadas na parte superior do capacete. A Shoei fez bastante questão de destacar no marketing desse modelo que a ventilação foi aprimorada em aproximadamente 70%. Claro, esse é um número difícil de comprovar de forma exata, mas, sinceramente, mesmo sem realizar testes lado a lado, é fácil perceber que a melhoria é bastante significativa em relação ao modelo anterior.
Cada uma dessas três entradas possui três níveis de regulagem: aberta, fechada e uma posição intermediária. O grande diferencial é que cada abertura pode ser ajustada de forma independente, o que permite ao piloto controlar com precisão tanto o volume quanto a direção do fluxo de ar que entra no capacete.
Isso oferece uma flexibilidade incrível, especialmente em viagens longas ou em mudanças repentinas de clima. É possível, por exemplo, abrir totalmente apenas a entrada central para obter um fluxo de ar mais direcionado para o topo da cabeça, ou utilizar as laterais de forma equilibrada para uma ventilação mais suave e distribuída.
Essa capacidade de personalizar a ventilação faz toda a diferença no conforto durante a pilotagem. A sensação térmica melhora consideravelmente, reduzindo o desconforto em dias quentes, além de ajudar a minimizar o acúmulo de suor. É notável como a Shoei conseguiu alcançar esse equilíbrio entre eficiência de ventilação e controle acústico, algo que nem sempre anda junto em capacetes abertos.

Viseira
Como é de se esperar na maioria dos capacetes modernos, o J-Cruise vem equipado com uma viseira solar retrátil, além da viseira principal. Ambos os componentes são os mesmos utilizados no modelo J-Cruise II — uma ótima notícia para quem está pensando em fazer um upgrade a partir desse capacete.
O visor solar QSV-2 também é compatível com os modelos GT-Air 2, GT-Air 3 e Neotec 3. Portanto, se você já possui ou já utilizou algum desses capacetes, é possível intercambiar as viseiras conforme necessário. Vale destacar que o QSV-2 também está disponível na versão amarela, ideal para situações em que o aumento do contraste visual é desejável.
Durante os testes, mesmo utilizando a viseira principal, a viseira solar e meus óculos de grau ao mesmo tempo, a qualidade óptica se manteve excelente — sem distorções ou embaçamentos perceptíveis. A viseira solar oferece boa cobertura, estendendo-se o suficiente para bloquear a entrada de luz na parte inferior, embora isso possa variar de acordo com o formato do rosto. No meu caso, o ajuste foi perfeito.
A viseira principal (CJ-2) também demonstrou ótimo desempenho em condições climáticas adversas, como as do inverno britânico, sem permitir a entrada de água pela vedação superior.
A substituição do visor principal é bastante simples, utilizando apenas duas alavancas para travamento. Já a viseira solar, embora também removível, pode ser facilmente limpa sem precisar ser retirada — o que, até agora, nunca foi necessário no meu uso.
Assim como no J-Cruise II, o acionamento do para-sol no J-Cruise é feito por um controle deslizante localizado no lado esquerdo do capacete. Embora seja prático, devo mencionar que prefiro o mecanismo superior presente em capacetes como o Shark Spartan GT, que permite o manuseio com qualquer uma das mãos.

Fixação
Assim como no modelo anterior, o J-Cruise 3 utiliza um sistema de fecho com micro catraca. A principal diferença está na largura da tira, que foi reduzida de 25 mm para 20 mm. Embora essa mudança não seja muito significativa — e, pessoalmente, eu nem percebi durante o uso —, pode ser relevante para quem achou o J-Cruise II desconfortável nessa área.
O sistema de micro catraca oferece cinco posições de ajuste. Ainda assim, é recomendável ajustar corretamente as tiras usando os controles deslizantes para garantir que a catraca fique totalmente engatada durante o uso, proporcionando maior segurança e estabilidade.
A liberação do fecho é bastante simples: basta levantar a aba, de forma semelhante ao mecanismo de cinto de segurança de avião. O processo é rápido e fácil, mesmo quando se está usando luvas de inverno mais grossas.
Embora esse tipo de fixação exija um pouco mais de tempo e cuidado na instalação em comparação com o tradicional sistema de anéis duplos (Double D), o ganho em praticidade no dia a dia compensa. Ele permite ajustes rápidos e facilita o uso com acessórios como buffs ou protetores de pescoço em climas frios.
Shoei J-Cruise – Conclusão
Capacetes abertos e do tipo jet não são para todos — e tudo bem. Para muitos motociclistas, a proteção oferecida pelos modelos integrais é insubstituível, tornando difícil qualquer troca em nome da conveniência.
No entanto, para quem valoriza o conforto, a praticidade ou até mesmo precisa de um capacete com rosto aberto, o Shoei J-Cruise se destaca. Com excelente qualidade de construção, alto padrão de segurança e um visual bem resolvido, ele certamente merece estar no topo da lista de opções a considerar.
O J-Cruise 3 não é um capacete de entrada, e seu preço reflete isso. Mas o investimento é justificado pela combinação de recursos bem pensados, design cuidadosamente desenvolvido e o nível de refinamento percebido em cada detalhe — tudo isso se traduz em uma experiência de uso superior.
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